sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Eu te amo

A arte reflete como um espelho.
O silencio breve e passageiro ergue tua aura.
Hoje a cidade desaba sobre meus pés.
Os prédios velhos, sem graça e os nem tão velhos assim
Estão estagnados, firmes ao tempo.
Mas com os olhos de um bandido ele o leva
A maquina flutuante carrega almas pelo espaço.
O abraço amigo serve até certo instante.
Escuto de longe os gritos famintos das fabricas.
Os cães estão a rosnar e por um segundo me esqueço de tudo.
Planos são totalmente dispensáveis, me ponho contra o vento para me sentir vivo.
Em um momento submerso em minha alma,a encontro solidamente.
Tão firme quanto esse quadrado que divide os cômodos.
Não tenho retrato para beijar, apenas alguns resíduos que me são suficientes.
Abro as páginas da tua vida, viro meu rosto e me deparo com o azul sem fim.
Apenas três dedos nos separam, e você onde está agora?
Fecho meus olhos e sinto teu beijo, sei que és teu.
Meu coração tudo vê.
Uma cidade mágica pairando no ar, de encantos mil.
Dos famintos, das bocas sedentas, olhares vulgares e amantes monumentais.
Se puderes agüentar ao tempo, somente ele dirá.
Caminho sem destino até encontrar uma flor que nasce em meio a selva de pedra.
Ela quebra o concreto plano não ouso a colher.
És perfeita.
Com os passos embriagados passo pelas moças de vestidos e decotes.
Uma beleza artificial, mórbida a qual não necessito mais.
Preciso do brilho e do calor do teu corpo, o teu amor mor.
Nos meus sonhos estás pura sem panos nem maquiagem, na mais completa perfeição.
Um monumento colossal de prazer e sensibilidade, a qual nem os deuses resistiriam a tentação e as regras facilmente seriam quebradas.
Ditaste a receita, mas eu de teimoso torno a reinventar.
A palavra proibida repete em cada dia de minha existência, suplicando ao vento que sopre em teu ouvido.
Nas minhas regras o que não vale é ficar ausente nesse sonho, não vale deixar esse amor mor morrer.
Me tens pela eternidade.
Eu te amo.

Stanis.S.


terça-feira, 14 de setembro de 2010

A marcha da solidão

A marcha da solidão passou aqui.
A morena, a viola com seu amor.
Baldeando o meu peito, cansado, surrado.
A espera do redentor.
Guardei teu fio de cabelo, teus poemas, teus segredos.
O sorriso largo e vibrante que carregas.
Derruba qualquer batalhão.
E eu como um bobo chorão, leio e releio todo dia.
Escrevo reescrevo.
Mas nenhuma palavra define tal mulher, sou seu aprendiz.
Ensinavas-me todo o dia a amar e não havia carícia que saciava minha fome.
Queria voltar no tempo, olhar teu sono leve e sereno.
Agradecer cada minuto, cada suspiro.
Mas não tenho de que reclamar, tem gente por ai enganando a si mesmo.
Fazendo do amor como um simples desejo.
Meu amor é muito maior que o desejo.
Não há tempo que o desbote, não existe mulher que o apague.
Hoje anda por becos tristes, não há cor que disfarce.
Meus olhos voam longe em busca dos teus.
Mas não encontro em lugar nenhum.
Minhas mãos estão vazias, não encontro sua pele macia.
Seu perfume ainda está aqui na cama vazia
Pobre coração egoísta porque choras.
Porque não me deixas dormir?
Como esquecer a voz suave, o abraço carinhoso.
Como, como?
Não sou feito de ferro, e tu choravas porque cortava cebola?
A vida é única é rara, não quero me desfazer desse amor.
Ninguém tem o direito de furtar de mim.
Meu mundo é escuro não tem sol.
O teu é cheio de sol e seus raios aquecem o coração de quem o tem.
Os pássaros cantam Buarque de Holanda incansavelmente.
O vento recita Neruda, as pessoas não têm maldade.
Todos felizes. Escritores, poetas, cantores...
O botequim canta as avessas, o mar toma conta da alma.
Você está longe e tão perto.
Conto os dias, conto as horas.
Para ver quanto tempo aguento, longe dos teus versos.

Stanis.S.

O homen de ferro (Canção)

Pelo elevador a voz no gravador.
Grita, estanca o peito, peito sem desejo.
Ferida exposta, cinzas do carnaval.
Sabes mais que tudo, tudo é tão pouco.
Verde verdejante a vida é covarde.
Ergue avenidas pra tua saudade.
Quanto o poema de fato tão honesto.
Como em um soneto, um choro para Joana.
Vida se declama um quadrado exato.

Já cansei de ser o herói dessa aventura.
 Um homem de ferro pela rua. (sobre a lua)
Quero a carne crua, teu sangue tuas rugas.
Ver a lua preza por um cordão.

Ducado nenhum será o meu refrão.
Ando tão sólito dentro a escuridão.
Rasgo o meu passado tranco no porão. (portão)
Luz da primavera, luz na contramão.
Quero padecer morrer nessa canção.
A vida não tem vez, mocinho ou vilão.

Stanis.S.

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Ultima palavra

Padeça com essa dor.

E não se esqueça de quem lhe amou.

Chore, enterre esse pranto com flor.

Desapareça, dissolva a terra obscura.

Hoje tu és pó.

Na escuridão nada se ouve.

Não tens fome nem sede.

Está imóvel para o tempo.

Em tua voz não há mais brilho.

Não envelhece, não gozas mais.

Vive na memória de quem há tem.

Não pode mais pedir perdão.

Nem ao menos perdoar.

Tua coroa que pairava sobre os mortais apagou.

Até os anjos tem sua hora.

Teu passo embriagado não se vê mais.

Teu cheiro não está mais entre nós.

Não sobraram nada desta dama, apenas sonhos.

Mas estava confusa, não sabe o que quer.

Agora já não posso mais te proteger, nem passar café pra ti.

Estás como sonhara.

Intocável.

Teu amor lhe fez assim.

Rasgou tua carne, pisoteou teu peito, triturou teus sonhos.

Então nem mais sonhos têm.

Mas não se pode viver no escuro, ninguém pode.

A escolha sempre foi tua.

Acorrentaste a alma.

Stanis.S.

Sepultaste a vida.

Sorrindo para a dor.

A partida

Meu bem, não pense que estou sozinho.

Porque em meu ninho sempre existiu tristeza.

Não por sua perda, não pelas desavenças.

Estou apenas cansado dessa peça.

Cada suor que me deste valeu apena.

Mas se em uma esquina qualquer me ver.

E achaste que vale apena regressar.

Venhas.

Só que desta vez não haverá juras.

Apenas suspiros intermináveis de prazer.

E quando o sol chegar pode partir.

Nem precisa mais voltar.

Não me peça para amar, não sou capaz.

Quero apenas desfrutar deste corpo macio.

Sem medo, sem amanha.

Que seja eterno quanto à lua.

Firme como o tempo.

Quente como a rua.

E se um dia por ventura me amares.

Chore,chore rios transbordando a cidade.

Até falecer com esse amor.

Stanis.S.